Bem-estar animal

UMA CIÊNCIA EM EVOLUÇÃO

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Bem-estar de pets não convencionais

Cada vez mais o perfil dos tutores que possuem apenas cães e gatos vêm sendo alterado, com uma presença maior de aves domésticas e peixes, por exemplo, nas residências brasileiras. Os pets não-convencionais de companhia são aqueles animais que são mantidos como parte das famílias, contudo, em menor frequência quando comparados aos cães e gatos. Existe uma diversidade imensa de espécies que se encaixam nesse perfil, tais como:

  • lagomorfos, como o coelho-doméstico;
  • pequenos roedores, tais como os porquinhos-da-índia (PDI), rato twister, camundongo, hamster, chinchila;
  • pequenos carnívoros, como ferrets ou furões; hedgehogs,
  • outros mamíferos, tais como o sugar glider e mini-porcos;
  • aves domésticas, que incluem as calopsitas, periquitos-australianos, canários-belga, galinhas, dentre outras;
  • répteis, como os jabutis, os cágados tigre-d ’água, as jiboias, etc;
  • anfíbios, como a rã-touro;
  • peixes, como o betta, kinguio, carpas, dentre outros;
  • invertebrados, como a aranha-caranguejeira, baratas-de-Madagascar, e etc.

Importante ressaltar que a permissão por espécies silvestres (animais que ocorrem naturalmente no Brasil) e/ou exóticas (animais que não ocorrem naturalmente no Brasil) como pets depende de aportes legais, tanto federais, como a Portaria nº 93/1998 e a Instrução Normativa nº 03/2011 do IBAMA, assim como pelas características e permissões específicas de cada estado.

Por essa extensa possibilidade de espécies, a atenção ao bem-estar respeitando as características espécie-específicas e individuais de cada animal mantido como pet, se torna um grande desafio para os responsáveis e profissionais que cuidam da saúde desses animais. 

Como para as demais espécies animais domésticas e silvestres, alguns pontos de atenção devem ser observados para que um elevado grau de bem-estar seja preservado, principalmente com base em quatro fatores:

  • Aspectos nutricionais, como a dieta adequada e balanceada, variação dos itens alimentares, dentre outros;
  • Aspectos ambientais e de conforto, que incluem locais com temperatura e substratos adequados, espaço amplo para movimentação, oportunidade de escolhas, dentre outros;
  • Aspectos de saúde, como ausência de doença e/ou lesão, escore de condição corporal adequado, atendimento médico veterinário em rotina adequada, medidas preventivas em saúde, dentre outros;
  • Aspectos comportamentais, que incluem a possibilidade de exibir comportamentos típicos da espécie (explorar, brincar, etc.), interagir socialmente de forma afiliativa, condicionamento para comportamentos de facilitação do manejo, dentre outros.

Além dos aspectos acima, um componente de extrema importância é o uso de estratégias para prevenir questões comportamentais e garantir o aumento da exibição de comportamentos típicos, como através do uso de intervenções com enriquecimentos ambientais. Essa prática permite que os animais mantidos sob cuidados humanos possam aumentar o repertório comportamental frente a estímulos diferentes daqueles comumente apresentados e que tenham alguma relevância para os animais. Assim, muitos comportamentos indicativos de disfunção, tais como o arrancamento de penas, agressividade excessiva, comportamentos repetitivos, de automutilação, dentre outros, podem ser prevenidos ou melhorados.

Para o uso dessa ferramenta, muitos exemplos podem ser seguidos a partir do que já é realizado para animais de laboratório, animais de zoológico e animais silvestres destinados para soltura.

Assim como para outros animais, o cuidado com a implementação das estratégias de enriquecimento deve ser de extrema cautela, seja a partir da forma social, cognitiva/ocupacional, alimentar, estrutural ou sensorial, já que grande parte desses animais possuem um porte muito pequeno, sendo susceptíveis a riscos por queda, ingestão de itens inapropriados, dentre outros.

Dessa forma, além de propiciar um ambiente adequado para os animais mantidos sob responsabilidade humana, as práticas que visam preservar os aspectos de implementação ao bem-estar garantem uma vida de qualidade e, consequentemente, uma melhor relação entre tutores e animais.

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Lucas Belchior Souza de Oliveira

Médico-veterinário formado pela PUC/MG. Mestre em Biologia de Vertebrados (Conservação e Comportamento) pela PUC/MG. Doutorando em Ciência Animal pela UFMG. Pós-graduado em Clínica Médica e Cirúrgica de Pets Exóticos e Animais Silvestres (Qualittas). Pós-graduando em Neurociência (FAVENI) e MBA (em andamento) em Gestão de Saúde (BBI/Chicago). Possui formação técnica em Meio Ambiente (CECON), em Comportamento e Bem-estar Animal (Universidade de Melbourne/Austrália) e Certificação Fear Free. Docente no curso de graduação em Medicina Veterinária na UniBH e no Centro Universitário UNA, como analista Ambiental na Clam Meio Ambiente, na coordenação de projetos do meio biótico e como Assistente técnico designado pelo Ministério Público de Minas Gerais nas perícias em maus-tratos contra animais. Atua como médico-veterinário volante no atendimento comportamental, medicina de animais silvestres, medicina veterinária de desastres pelo GRAD, resgate de fauna e no atendimento clínico intensivista.

Bem-estar de pets não convencionais

Cada vez mais o perfil dos tutores que possuem apenas cães e gatos vêm sendo alterado, com uma presença maior de aves domésticas e peixes, por exemplo, nas residências brasileiras. Os pets não-convencionais de companhia são aqueles animais que são mantidos como parte das famílias, contudo, em menor frequência quando comparados aos cães e gatos. Existe uma diversidade imensa de espécies que se encaixam nesse perfil, tais como:

  • lagomorfos, como o coelho-doméstico;
  • pequenos roedores, tais como os porquinhos-da-índia (PDI), rato twister, camundongo, hamster, chinchila;
  • pequenos carnívoros, como ferrets ou furões; hedgehogs,
  • outros mamíferos, tais como o sugar glider e mini-porcos;
  • aves domésticas, que incluem as calopsitas, periquitos-australianos, canários-belga, galinhas, dentre outras;
  • répteis, como os jabutis, os cágados tigre-d ’água, as jiboias, etc;
  • anfíbios, como a rã-touro;
  • peixes, como o betta, kinguio, carpas, dentre outros;
  • invertebrados, como a aranha-caranguejeira, baratas-de-Madagascar, e etc.

Importante ressaltar que a permissão por espécies silvestres (animais que ocorrem naturalmente no Brasil) e/ou exóticas (animais que não ocorrem naturalmente no Brasil) como pets depende de aportes legais, tanto federais, como a Portaria nº 93/1998 e a Instrução Normativa nº 03/2011 do IBAMA, assim como pelas características e permissões específicas de cada estado.

Por essa extensa possibilidade de espécies, a atenção ao bem-estar respeitando as características espécie-específicas e individuais de cada animal mantido como pet, se torna um grande desafio para os responsáveis e profissionais que cuidam da saúde desses animais. 

Como para as demais espécies animais domésticas e silvestres, alguns pontos de atenção devem ser observados para que um elevado grau de bem-estar seja preservado, principalmente com base em quatro fatores:

  • Aspectos nutricionais, como a dieta adequada e balanceada, variação dos itens alimentares, dentre outros;
  • Aspectos ambientais e de conforto, que incluem locais com temperatura e substratos adequados, espaço amplo para movimentação, oportunidade de escolhas, dentre outros;
  • Aspectos de saúde, como ausência de doença e/ou lesão, escore de condição corporal adequado, atendimento médico veterinário em rotina adequada, medidas preventivas em saúde, dentre outros;
  • Aspectos comportamentais, que incluem a possibilidade de exibir comportamentos típicos da espécie (explorar, brincar, etc.), interagir socialmente de forma afiliativa, condicionamento para comportamentos de facilitação do manejo, dentre outros.

Além dos aspectos acima, um componente de extrema importância é o uso de estratégias para prevenir questões comportamentais e garantir o aumento da exibição de comportamentos típicos, como através do uso de intervenções com enriquecimentos ambientais. Essa prática permite que os animais mantidos sob cuidados humanos possam aumentar o repertório comportamental frente a estímulos diferentes daqueles comumente apresentados e que tenham alguma relevância para os animais. Assim, muitos comportamentos indicativos de disfunção, tais como o arrancamento de penas, agressividade excessiva, comportamentos repetitivos, de automutilação, dentre outros, podem ser prevenidos ou melhorados.

Para o uso dessa ferramenta, muitos exemplos podem ser seguidos a partir do que já é realizado para animais de laboratório, animais de zoológico e animais silvestres destinados para soltura.

Assim como para outros animais, o cuidado com a implementação das estratégias de enriquecimento deve ser de extrema cautela, seja a partir da forma social, cognitiva/ocupacional, alimentar, estrutural ou sensorial, já que grande parte desses animais possuem um porte muito pequeno, sendo susceptíveis a riscos por queda, ingestão de itens inapropriados, dentre outros.

Dessa forma, além de propiciar um ambiente adequado para os animais mantidos sob responsabilidade humana, as práticas que visam preservar os aspectos de implementação ao bem-estar garantem uma vida de qualidade e, consequentemente, uma melhor relação entre tutores e animais.

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Lucas Belchior Souza de Oliveira

Médico-veterinário formado pela PUC/MG. Mestre em Biologia de Vertebrados (Conservação e Comportamento) pela PUC/MG. Doutorando em Ciência Animal pela UFMG. Pós-graduado em Clínica Médica e Cirúrgica de Pets Exóticos e Animais Silvestres (Qualittas). Pós-graduando em Neurociência (FAVENI) e MBA (em andamento) em Gestão de Saúde (BBI/Chicago). Possui formação técnica em Meio Ambiente (CECON), em Comportamento e Bem-estar Animal (Universidade de Melbourne/Austrália) e Certificação Fear Free. Docente no curso de graduação em Medicina Veterinária na UniBH e no Centro Universitário UNA, como analista Ambiental na Clam Meio Ambiente, na coordenação de projetos do meio biótico e como Assistente técnico designado pelo Ministério Público de Minas Gerais nas perícias em maus-tratos contra animais. Atua como médico-veterinário volante no atendimento comportamental, medicina de animais silvestres, medicina veterinária de desastres pelo GRAD, resgate de fauna e no atendimento clínico intensivista.